"The Girl on the train" fez furor em Inglaterra e nos EUA estando no top durante treze semanas consecutivas. Este burburinho em torno do livro da autora Paula Hawkins despertou a atenção da Topseller que no dia 5 de Junho terá nas livrarias "A Rapariga no Comboio". Numa iniciativa inédita em Portugal, a Topseller criou um exemplar de avanço fazendo chegar o livro, de forma antecipada, às mãos de alguns bloggers, entre eles o Refúgio dos Livros, pelo que já tive a oportunidade de ler este livro e agora partilho a minha opinião convosco. As críticas que foram sendo publicadas noutros blogues nacionais atiçaram ainda mais a curiosidade dos leitores sobre este livro levando a Topseller a antecipar a chegada do livro às livrarias do dia 8 para o dia 5.
A curiosidade está instalada. Os admiradores de thrillers estão expectantes. Todos querem perceber qual a razão para tanto burburinho. Será que o livro é assim tão bom? E, se sim, porquê!
Pois bem, na minha opinião, há realmente motivo para este enorme entusiasmo em torno d' "A Rapariga no Comboio". Embora o emprego me roube muito tempo às leituras, a verdade é que este foi daqueles livros que me agarrou de forma tão automática que em poucos dias estava lido. Mais do que lido foi devorado.
A autora Paula Hawkins traz até nós a história de Rachel e através desta personagem chegam-nos outras (Megan, Anna, Scott e Tom), cujas histórias se entrelaçam dando lugar a uma narrativa intensa. Todos os dias Rachel apanha o comboio. Todos os dias, nessa viagem de comboio, observa um casal. A esse casal atribui nomes e vidas e personalidades. Rachel cria uma percepção sobre aquele casal só pelo que observa de passagem na sua viagem de comboio. Até que um dia Rachel apercebe-se de algo errado com esse casal. Algo que viu de relance inquieta Rachel. Algo aconteceu. O leitor fica preso. E Rachel sente que tem que partilhar o que viu com a polícia. A partir desse momento tudo muda.
Com a trama centrada num acontecimento em particular, que deixo que seja cada um dos leitores a descobrir por si próprio, vamos ser levados a uma narrativa feita a três vozes: Rachel, Megan e Anna. Cada uma destas personagens tem um impacto único no desenrolar da acção e a autora Paula Hawkins, através da sua escrita directa e forte, dá-nos a conhecer a personalidade de cada uma das destas mulheres: as suas fragilidades e forças, os seus passados e tormentos pessoais e as suas relações.
E é também através da sua escrita e criatividade que a autora nos lança numa narrativa onde realidade e ilusão se confundem por vezes levando o leitor a questionar o que é verdade e o que é mentira. Será que conhecemos efectivamente cada uma das personagens? Será que não estamos a julgar uma personagem de forma errada? Será que a nossa percepção positiva sobre determinada personagem não está afinal errada?
É este não saber o que se passou realmente e quem é quem que faz com que a leitura adquira um carácter impulsivo e inquietante. A incerteza do desenrolar da trama faz com que o leitor se agarre às páginas de maneira compulsiva na ânsia de deslindar uma acção que se faz de vários fios.
O facto d' "A Rapariga no Comboio" se centrar nas várias personagens, nas suas vidas, nos seus passados, nas suas personalidades e nos seus comportamentos, aliado à incerteza e inquietude que envolve toda a narrativa, faz com que o leitor se depare com um thriller com nuances psicológicas muito acentuadas, o que por si só atrai de forma intensa. Ao mesmo tempo, a maneira como a autora introduz na narrativa temas tão reais e presentes como o adultério, a maternidade e o alcoolismo faz com que as personagens ganhem uma dimensão humana muito forte, muito embora Paula Hawkins traga até nós, simultaneamente, personagens cheias de imperfeições onde, por vezes, sobressaem traços de insanidade e maldade.
Em suma, "A Rapariga no Comboio" vive das suas personagens que suscitam no leitor reacções diversas graças à forma como Paula Hawkins as traz até nós, todas elas cheias de sofrimento, com experiências de vida marcantes e ânsias de alcançar a felicidade e superar as suas adversidades pessoais. Este sim é daqueles thrillers que fará o leitor olhar para a realidade de uma forma diferente. A narrativa feita por três mulheres, os acontecimentos inesperados, as personalidades reveladas, a intensidade psicológica e a maneira como a vida de Rachel, Megan e Anna se relacionam de forma tão inteligente, fazem d' "A Rapariga no Comboio" um livro a não perder e de Paula Hawkins uma autora a seguir!
CLASSIFICAÇÃO: 6. Excelente!
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