sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"Pede-me o quiseres" (Megan Maxwell): OPINIÃO!

"Pede-me o quiseres" da autora Megan Maxwell traz-nos uma sinopse que indicia um livro que promete ser quente e, atendendo a que se trata de um livro erótico, o título não poderia ser mais directo e sugestivo. A verdade é que 2013 foi rico em literatura erótica, sendo que houve um verdadeiro boom e uma forte aposta das editoras neste género literário, pelo que sempre que inicio uma leitura deste cariz questiono-me sobre o que distinguirá este novo livro dos demais que figuram nas estantes de leitores e de livrarias.

Foi com esta questão inicial que comecei a ler "Pede-me o que quiseres" estando sempre atenta a ver se encontrava algo que diferenciasse este livro e se primeiramente nos vemos confrontados com a fórmula já conhecida "dominador/submissa", a verdade é que com o decorrer da narrativa começa a haver um aprofundamento de sentimentos, saindo da esfera meramente sexual, para o domínio emocional.

Esta história é-nos narrada na primeira pessoa por Judith, uma jovem espanhola que trabalha como secretária numa sucursal em Madrid, de uma empresa farmacêutica alemã. O início da narrativa traz consigo um registo de humor, logo seguido de um momento deveras "caliente", sendo que o erotismo, a sensualidade e a sexualidade vão ganhando intensidade, de forma gradual, com o decorrer da acção.

Embora a premissa "patrão viril, irresistível, e poderoso, conhece funcionária e sentem uma atracção fulminante e incontrolável um pelo o outro" se aplique igualmente neste "Pede-me o quiseres", este livro brinda-nos com originalidade e profundidade. Apraz-me dizer que comparativamente com outros livros eróticos lidos anteriormente, Judith e Eric revelam ser um casal com uma maturidade superior, sendo que, por um lado, vibramos com uma Judith que talvez por ser espanhola se revela uma mulher despachada, destemida, sem medo de dizer o que tem a dizer e sem filtros, o que acaba por resultar, por vezes, em expressões e situações caricatas que arrancam algumas gargalhadas ao leitor e o fazem sentir interiormente "Boa rapariga! Diz-lhe na cara o que tens a dizer que ele bem merece", em contraponto com algumas jovens excessivamente ingénuas e insonsas que encontramos noutras leituras. Por outro lado, temos um Eric Zimmerman: o patrão, o poderoso empresário, o másculo espécime masculino capaz de fazer voltar pescoços à sua passagem, directo e frio, o que lhe acaba por valor a alcunha de "Iceman" e, como seria de esperar, dominador.

É através destas personagens principais que o leitor vai entrar num enredo vincadamente erótico, exuberante e sem pudores, onde a narrativa se destaca pelas descrições, de carácter sexual, altamente explícitas que conferem à leitura uma carga quase visual. 

Eric tem uma perspectiva muito sólida sobre o sexo e o prazer e acaba por iniciar Judith num mundo de "jogos" (troca e partilha de casais, voyeurismo, entre outros). Inicialmente, Judith sente-se envergonhada, mas aos poucos estes jogos vão-se revelando estimulantes, dando-lhe a conhecer uma dimensão de si inesperada.

À parte de toda a dinâmica sensual, a autora Megan Maxwell consegue criar uma narrativa onde os sentimentos florescem, dando lugar ao romance e a uma relação pautada tanto por momentos de estabilidade e felicidade, como de tensão, discussão, ruptura e reconciliação. 

Além desta componente romântica que acaba por diferenciar "Pede-me o que quiseres" dos demais livros do género, agradou-me imenso que a autora tenha explorado outras personagens secundárias e as suas vidas pessoais, nomeadamente, familiares, amigos e colegas de trabalho que constituem a rede de apoio afectivo e social tanto de Judith como de Eric.

Em suma, "Pede-me o que quiseres" apresenta-se como uma narrativa que consegue conciliar, de maneira equilibrada, intimidade e erotismo, com emoção e sentimento, ao mesmo tempo que o enredo se compõe de diversas personagens que dão uma dimensão mais humana à leitura, ao passo que a acção se revela intensa, fogosa e célere, culminando num desfecho brilhante que a mim, enquanto leitora mulher, me fez exclamar: "Boa Judith! Impõe-te! É assim mesmo!", sendo que este final me deixou cheia de curiosidade para ler o segundo volume desta trilogia, já que este livro acabou por me dar a conhecer um romance erótico onde a mulher consegue ser submissa, mas também marcar a sua posição quando é preciso e sem medos e onde o homem dominador e frio que tenta a todo o custo esconder os fantasmas do seu passado consegue afinal ter um coração apaixonado e ser doce com a mulher que ama.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!


Sem comentários: