segunda-feira, 13 de outubro de 2014

"Uma Escolha Imperfeita" (Louise Doughty): OPINIÃO!

O que me chamou a atenção em "Uma Escolha Imperfeita" foi essencialmente a sinopse. Indícios de uma relação extra-conjugal, a menção a "crimes" e o meu nível de curiosidade despertou automaticamente. Nunca tinha lido nada da autora Louise Doughty pelo que foi uma estreia para mim.

Comecei esta leitura com expectativas e assim que me deparei com um prólogo cuja acção se desenrola num tribunal questionei-me imediatamente o que teria acontecido no decurso da história para conduzir àquele momento: que crime teria sido cometido? E porquê? E por quem? Com estas questões em mente entrei na leitura e uma palavra constante me acompanhou durante muito tempo: intrigante.

Yvonne é uma mulher adulta na casa dos cinquenta anos, com um casamento aparentemente estável e feliz, dois filhos e uma carreira de sucesso na área da genética. Até aqui parecemos estar perante uma mulher típica com uma vida banal, até que Yvonne se envolve com um desconhecido, de um momento para o outro e de maneira intensa e rápida: uma escolha que mais adiante vemos alterar todo o curso da sua vida.

Um primeiro encontro ardente entre Yvonne e este desconhecido transforma-se em mais encontros que trazem à narrativa uma carga erótica intensa. Na mente do leitor paira a pergunta: o que leva uma mulher adulta casada e madura a envolver-se num caso extra-conjugal arriscando tudo que construiu até ao momento? Esta atitude impensada leva-nos a questionar sobre quem é realmente esta mulher, ao mesmo tempo que tentamos perceber quem é este homem desconhecido e misterioso.

À medida que as páginas vão avançando, o leitor anseia por surpresas e eis que um acontecimento surpreendente o atinge. Algo acontece. E este momento desencadeia um outro que nos leva até ao tribunal.

Depois de uma parte da narrativa ter sido marcada pelo erotismo, chegamos a uma altura em que ficamos enredados pela teia do tribunal e dos advogados de defesa e de acusação e pelas testemunhas e interrogatórios e alegações finais. Há toda uma envolvência jurídica e uma narrativa onde o suspense existe. Contudo, fica a sensação de que faltam mais reviravoltas e surpresas.

Em "Uma Escolha Imperfeita", a autora Louise Doughty conseguiu conferir uma aura de intriga e suspense à sua narrativa, mas fica em falta aquele toque que leva o leitor a perder-se nas páginas de forma compulsiva e incontrolável. E embora nos deparemos com personagens intrigantes, falta-lhes uma dimensionalidade maior e uma profundidade mais intensamente explorada. 

Perante os nossos olhos acontecem crimes, somos confrontados com dinâmicas familiares e relacionais complexas e com a questão da infidelidade. Não obstante, a escrita de Louise Doughty revela-se insuficiente no que toca a explorar as múltiplas nuances psicológicas e emocionais das personagens, aspecto fulcral para conferir um brilho extra ao enredo.

Ainda assim, "Uma Escolha Imperfeita" revela-se uma leitura agradável onde a autora Louise Doughty nos consegue mostrar claramente como uma escolha irreflectida pode desencadear consequências simplesmente desastrosas, capazes de pura e simplesmente alterar a vida de uma ou mais pessoais.

CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!


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