quinta-feira, 9 de abril de 2015

"Um, do, li, tá" (M. J. Arlidge): OPINIÃO

Quando "Um, do, li, tá" do autor M. J. Arlidge foi publicado pela Topseller em Outubro do ano passado a sua sinopse atraiu logo a minha atenção. Entretanto o livro chegou às minhas estantes e a verdade é que foi sendo ultrapassado por outras leituras até que no início deste 2015 nasceu em mim a vontade intensa de fazer uma pausa nos romances e de me atirar a um livro que me agarrasse desde a primeira página e me fizesse vibrar de curiosidade e eis que a minha escolha recaiu sobre este livro da Topseller e as minhas expectativas além de não terem saído goradas foram altamente ultrapassadas. 

Embora assente numa estrutura de narrativa já encontrada noutros livros (capítulos muito curtos intercalados com capítulos onde se acompanham os pensamentos do criminoso), não há como negar que M. J. Arlidge desenha a acção da história com base numa premissa invulgar e surpreendentemente inquietante: dois reféns. Uma bala. Uma decisão terrível. Sacrificaria a sua vida pela de outra pessoa?

É aterrador pensar que uma mente distorcida e com objectivos obscuros decida fazer reféns duas pessoas que terão de decidir se matam para assim poderem sobreviver ou se preferem morrer para que a outra pessoa viva. Parece uma decisão impossível. A experiência de se ser feito refém é descrita de forma intensa pelo autor e o leitor sente o arrepio das personagens na sua própria pele. A situação é por si só terrível e visto tratar-se de dois reféns com uma relação emocional tudo se complica de forma inimaginável. Quem vive? Quem morre? Como se decide uma coisa dessas?

Quando uma jovem aparece completamente transtornada nos bosques a investigação tem início e ficamos a conhecer a detective responsável por este caso: Helen Grace. Quando outro rapto com o mesmo modus operandi acontece, as investigações intensificam-se e paira no ar a dúvida: quem será a mente por detrás de algo tão mórbido? Quais são as suas motivações? Como escolhe os seus reféns? Haverá alguma ligação entre as várias vítimas?

A equipa de Helen Grace trabalha a todo o gás. Há que descobrir a identidade deste assassino e detê-lo rapidamente para que não aconteçam mais mortes. O sentido de urgência palpita em cada palavra, cada gesto, cada acção. A escrita de M. J. Arlidge transmite esse sentido de urgência de forma magistral ao seu leitor e o ritmo de acção reveste-se de uma celeridade crescente e desenfreada, ao mesmo tempo que a narrativa não revela pistas nenhumas para a identidade desta mente distorcida e deixa o leitor na ignorância até quase às páginas finais.

Para além da investigação policial, o autor dá também foco à personagem de Helen Grace e gradualmente e de forma calma vamos-lhe conhecendo uma dimensão pessoal marcada por intensidade e mistério. 

São várias as questões que nascem no espírito do leitor ao longo da leitura. São várias as páginas que se voltam a uma velocidade tremenda. São vários os sentimentos que fazem vibrar o coração do leitor. São vários os momentos de profundo choque e de inquietação. São várias as personalidades que brilham nesta narrativa repleta de suspense. E é tudo isto conjugado que faz de "Um, do, li, tá" um livro arrebatador, inquietante e surpreendente que entra de forma automática no meu top de preferidos. M. J. Arlidge consegue construir um thriller com todos os ingredientes certos numa narrativa que não só agarra o leitor desde a primeira página como também o aprisiona e o lança numa leitura imparável até à revelação final.

Neste que é o romance de estreia de M. J. Arlidge e o primeiro livro da série protagonizada por Helen Grace ficou demonstrada a capacidade arrasadora do autor para criar thrillers magnéticos. Agora que em Março deste ano foi publicado o segundo livro da série, intitulado "À morte ninguém escapa" fica a questão: será que o autor conseguirá igualar a magnitude de "Um, do, li, tá"? Em breve tentarei encontrar a resposta a esta questão: "À morte ninguém escapa" espera por mim na estante.



CLASSIFICAÇÃO: 6. Excelente!


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