Ler Ken Follett é sempre um prazer. Muito provavelmente já comecei
outras críticas sobre livros deste autor desta mesma forma, mas não há outra
maneira de o dizer. Mundialmente reconhecido, Ken Follett reconquista-me a cada
livro novo seu que leio.
“Uma Fortuna Perigosa” foi originalmente publicado em 1993
e, no passado mês de Março, foi reeditado pela Editorial Presença. Embora agora
o tempo para as leituras seja extremamente reduzido, a verdade é que ter este
livro na minha mesinha de cabeceira fez com que aproveitasse cada bocadinho de
tempo livre para avançar mais umas páginas e embrenhar-me, de forma mais
profunda, numa narrativa que começa com uma morte envolta em mistério para dar
lugar a uma saga que envolve uma poderosa e rica família de banqueiros: a
família Pilaster.
Em Windfield School, uma escola frequentada por rapazes
provenientes de famílias abastadas, acontece uma morte por afogamento que fica
envolta em mistério. Um jovem morre. Terá sido acidente ou crime? Aquando desse
incidente, estudavam na escola o jovem Edward Pilaster, o seu primo Hugh e
Micky Miranda, entre outros. Se calhar estes jovens sabem mais sobre esta morte
do que aquilo que contam e é precisamente este mistério que vai traçar o percurso
da família Pilaster.
Em Edward conhecemos um jovem preguiçoso, sem o perfil
necessário para dar continuidade ao negócio de família e sempre protegido pela
sua mãe – Augusta Pilaster que tem a ambição cega de ver o seu marido e depois
o seu filho aos comandos do banco Pilaster. Embora pertencendo a esta família
de banqueiros é admirável a sua falta de conhecimentos sobre o mundo financeiro
que levam a esquemas com consequências trágicas. Depois temos o jovem Hugh,
encarado pelos Pilaster como a ovelha negra da família por causa de um acto que
o seu pai cometeu, mas um verdadeiro conhecedor dos meandros da banca e do
mundo financeiro: um verdadeiro génio que luta pelo seu lugar na família e que
se depara com diversos obstáculos profissionais e pessoais. Uma personagem que
conquista pela sua capacidade de lutar e que envolve o coração do leitor pela
história de amor que vai viver. E depois temos Micky Miranda, filho de um
negociante cordovês e melhor amigo de Edward Pilaster que se revela um sedutor
e manipulador e que terá grande impacto no trajecto da família Pilaster.
É através da caracterização belíssima destas personagens e
de outras que nos vamos envolvendo na família Pilaster, vamos vendo os jovens a
crescer, a tornarem-se homens, a viverem as suas próprias experiências tanto no
amor como nos negócios. E é através dos seus olhos que vamos também conhecendo
a Inglaterra do século XIX, os costumes e os lugares daquela época rica.
Ken Follett é um nome sonante não só pela qualidade das suas
histórias, mas também pela pesquisa e detalhe histórico que coloca em cada uma
das suas narrativas e isso é perfeitamente visível em “Uma Fortuna Perigosa” onde
toda a envolvência histórica bem como os meandros do mundo financeiro sobressai
em cada recanto desta saga familiar.
Os acontecimentos sucedem-se a um ritmo rápido. Há sempre
uma mudança. Uma reviravolta. Algum esquema. O leitor fica preso às páginas num
livro que equilibra, de forma mágica, intriga, amor, crimes e manipulação.
Em suma, “Uma Fortuna Perigosa” de Ken Follett revela-se uma
narrativa poderosa que envolve o leitor numa saga familiar ao longo da qual nos
é dada a conhecer a Inglaterra do século XIX, as diferenças entre as classes
mais abastadas e as mais pobres, os recantos obscuros do mundo financeiro e da
corrupção política, ao mesmo tempo que desfrutamos de uma trama onde as
diversas personagens conseguem provocar, no leitor, reacções que vão desde a
inquietação até à doçura. E é no desfecho final que Ken Follett revela a sua
mestria em encerrar uma narrativa onde cada uma das personagens tem o destino merecido.
CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!
Para mais informações sobre o site da Editorial Presença,clique aqui.
Para mais informações sobre o livro Uma Fortuna Perigosa,clique aqui.
Outras críticas do Refúgio dos Livros aqui:
- A Ameaça
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