terça-feira, 30 de julho de 2013

"Ninguém me conhece como tu" (Anna McPartlin): OPINIÃO!

À medida que se vão realizando inúmeras leituras vamos descobrindo autores que se tornam autores obrigatórios e Anna McPartlin é um desses deliciosos casos. Depois de ter conquistado a minha atenção com "Sempre que dizemos adeus", apaixonou-me com "Estarás sempre comigo" e eis que surge "Ninguém me conhece como tu" e eu não resisto a ler mais este livro desta autora!

E se a verdade é que sinopse nos dá um breve vislumbre da história de duas amigas de infância que face a acontecimentos nas suas vidas se separam e se voltam a encontrar muitos anos depois, não é menos verdade que "Ninguém me conhece como tu" é muito mais que um livro sobre amizade, é antes sim um livro sobre afectos, dinâmicas relacionais, fragilidades emocionais, descoberta e crescimento pessoal.

Lily e Eve eram grandes amigas desde a infância mas algo durante a sua adolescência levou ao fim desta amizade o que fez com que seguissem vidas distintas e separadas: Eve torna-se uma grande designer de jóias, mulher citadina e independente que sente a necessidade de voltar à sua terra natal e à sua casa de família e a uma vida mais calma, enquanto que Lily se tornou enfermeira, casou com o seu namorado da adolescência - Declan e é mãe de duas crianças. Não fosse um grave acidente ter atirado Eve para uma cama do hospital onde Lily trabalha e estas amigas continuariam separadas, mas quis o destino que se voltassem a reencontrar e é neste reencontro que se começam a aperceber da necessidade mútua que têm de estar presentes na vida uma da outra.

Vendo-se a braços com uma recuperação dolorosa, lenta e longa, Eve vai encontrar em Lily a força para melhorar e seguir com a sua vida, enquanto que Eve vai ser o suporte de Lily face aos problemas conjugais que esta vive no seu casamento com Declan.

"Ninguém me conhece como tu" vai levando o leitor numa narrativa que vai ganhando gradualmente intensidade e profundidade, transportando-o para um enredo pautado por emoções e sentimentos onde as personagens, as suas realidades pessoais, os seus mundos interiores e as suas lutas relacionais nos vão sendo mostradas pouco a pouco. Os laços que o leitor começa a criar com as personagens chega a ser palpável e é inevitável que não sintamos empatia pelas mesmas. E, se por um lado, somos presenteados com momentos de humor e de leveza, por outros embatemos em personagens que nos provocam uma irritação descontrolada. 

Não obstante, sermos atraídos por certas personagens e repelidos por outras, a verdade é que a autora Anna McPartlin ao dar um background profundo, intenso e dramático a certas personagens, consegue fazer com que o leitor sinta alguma empatia e um sentido de compreensão face a personalidades e comportamentos intoleráveis.

Em "Ninguém me conhece como tu", a escrita de Anna McPartlin brilha por colocar a nu as vulnerabilidades emocionais e psicológicas das personagens, o que acaba por conferir uma riqueza extraordinária a toda a narrativa, onde além das personagens protagonistas, surgem tantas outras que acabam por desempenhar um papel importante no núcleo principal de Eve e Lily.

Para além de uma história de amizade, "Ninguém me conhece como tu" consegue ser um livro sobre relações entre personagens onde sobressai a dinâmica relacional entre o casal Lily e Declan que se reveste de uma tensão psicológica sufocante e de uma violência física e emocional latente e presente. Esta dinâmica choca o leitor e fá-lo ansiar pelo momento em que Lily tome as rédeas da sua vida nas mãos e se liberte de um casamento destrutivo. 

Apesar desta carga dramática do relacionamento de Lily e Declan, este livro da autora Anna McPartlin consegue provocar no leitor sorrisos e risos graças à irreverência e sentido de humor de Eve, ao mesmo tempo que suscita suspiros nos leitores mais românticos. 

Em suma, "Ninguém me conhece como tu" é um livro intenso e apaixonante que cativa o leitor desde a primeira página e o vai abraçando cada vez com mais força ao longo da narrativa, à medida que vai revelando as personagens e a sua essência e riqueza na plenitude. A acção rápida e a narrativa marcante fazem com que o leitor devore página atrás de página perdendo a noção do tempo até ao desfecho final surpreendente, num livro que além de marcado por momentos sérios e brincalhões, é um livro vincadamente de afectos.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!

2 comentários:

Estefânia disse...

Adorei a tua critica:) Em breve devo ler este livro:)

Diana Barbosa disse...

Tens de ler em breve ah pois tens :)