"A Linha Ténue do Passado" chegou-me às
mãos depois da jovem autora portuguesa Mónica Cortesão Gonçalves me ter
contactado via facebook e graças também à generosidade da Chiado Editora. A
autora mostrou gosto em que eu lesse este que é o seu primeiro livro e opinasse
sobre ele e, embora ande perdida no meio de tantas leituras, a verdade é que a
sinopse me despertou curiosidade e não consegui recusar este pedido.
Foi desta forma que "A Linha Ténue do Passado" entrou nas minhas leituras de Outubro e terminado o livro posso concluir que se tratou de uma leitura agradável que dá o pontapé de saída para um futuro promissor com mais livros de Mónica Cortesão Gonçalves a chegarem até aos leitores.
Este livro dá-nos a conhecer Maria, uma jovem portuguesa que poderia ser como qualquer outra pessoa não fosse o facto de, através dos seus sonhos, conseguir ter visões do passado da sua família. Leitores mais cépticos ou objectivos poderão ficar desagradados com esta abordagem, mas se conseguirmos deixar este aspecto de lado e absorver a leitura sem juízos, a verdade é que embarcamos numa narrativa que nos mostra passado e presente, fazendo com que "A Linha Ténue do Passado" nos brinde com dois tempos e dois grupos centrais de personagens num livro só.
Com a perda da sua avó, Maria volta a ter os seus sonhos que a acabam por levar de Portugal até ao Luxemburgo para encontrar a casa da sua família e é neste país novo que Maria vai encontrar o amor e um núcleo de apoio especial, ao mesmo tempo que vai ficando a conhecer a vida dura que a sua avó viveu durante o período de Segunda Guerra Mundial.
A narrativa é intercalada entre presente e os sonhos que levam Maria a conhecer o passado, sendo que "A Linha Ténue do Passado" acaba por mostrar ao leitor como foi viver durante um período da História tão marcante e cruel. A par da envolvência história graças a estas "viagens" ao passado, o leitor é presenteado com o nascimento e evolução de uma história de amor.
As personagens conseguem criar empatia no leitor e a leitura faz-se, de forma fluída, sendo apenas de referir que os saltos temporais no presente (estarmos em 2013, depois saltar para 2015 e depois 2018 e depois 2020, por exemplo) deixa períodos da vida das personagens em branco que acabam por suscitar curiosidade.
Ao mesmo tempo, a escrita é simples, sendo que a narrativa é marcada por diálogos espontâneos e o enredo se reveste de algum mistério que só é revelado com o desfecho final que traz surpresa.
Em suma, tendo em conta que se trata de um primeiro livro nota-se que esta jovem autora tem pela frente muito espaço para crescer, para amadurecer a sua escrita, para aprimorar a sua narrativa e para oferecer maior complexidade e profundidade às suas personagens. Não obstante, "A Linha Ténue do Passado" é um livro que se lê com suavidade e ritmo, trazendo-nos uma história que prima pela originalidade.
CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!
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