A minha estreia no autor Donato Carrisi foi com o seu livro "Sopro do Mal" que arrebatou-me de forma tão intensa que ainda hoje figura entre os meus livros preferidos de sempre. Entretanto, a Porto Editora publicou "O Tribunal das Almas" que também chamou a minha atenção e eis que agora chega até nós "A Hipótese do Mal" que resgata a personagem Mila Vasquez que ficamos a conhecer em "Sopro do Mal". Vi esta novidade, olhei para a capa, li a sinopse e fiquei automaticamente em pulgas para me aventurar nesta leitura.
Mais do que um policial com crimes e investigações, Donato Carrisi oferece aos seus leitores thrillers absurdamente envolventes, com narrativas marcantes, com personagens únicas e profundas, com acções viciantes e com enredos inteligentemente construídos.
Para mim, "A Hipótese do Mal" não destrona "Sopro do Mal" do seu lugar de eleição no meu coração, mas anda lá perigosamente perto. Entrei na leitura. A pouco e pouco fui ficando envolvida e a premissa de que pessoas desaparecidas há muito tempo regressam de repente para matar criou em mim um fascínio vincado. Primeiro, somos levados a questionar-nos se estas pessoas desapareceram por vontade própria ou não. Em segundo, perguntamo-nos se estarão vivas ou mortas. E, por fim, queremos saber porque regressam para praticar o mal. Será um grupo terrorista? Será um culto? Haverá um "mestre" por detrás desta acção?
Mila Vasquez trabalha para a polícia no Gabinete de pessoas desaparecidas, mais conhecido como "Limbo" e quando esta série de homicídios começa a acontecer e se começa a perceber que quem mata é uma pessoa que até então estava desaparecida, Mila é chamada pelos seus superiores para participar nesta investigação. Só que Mila não é uma mulher qualquer. Mila esteve envolvida anteriormente num caso extremamente complexo e, inicialmente, resiste a envolver-me nesta investigação actual. Mila é uma mulher marcada pelo passado, incapaz de avaliar o perigo e que se sente atraída pelas sombras, quase como se fosse puxada por uma força invisível e irresistível. Envolver-se neste caso é arriscar-se a entrar no submundo do mal.
A par de Mila Vasquez, o autor Donato Carrisi brinda o leitor com uma nova personagem: Simon Berish, um polícia rejeitado pela sua própria classe profissional por, no passado, ter estado envolvido num caso de corrupção. Simon é também ele uma personagem marcante, com um passado doloroso que acabará por trabalhar conjuntamente com Mila nesta investigação peculiar.
A verdade é que o autor Donato Carrisi dá vida a personagens extremamente marcantes, com backgrounds únicos e doridos que são trazidos para a narrativa e que criam uma envolvência muito humana no desenrolar da acção. A profundidade emocional e psicológica que o autor consegue dar aos seus personagens é tal que o leitor acaba por ser atraído pelas mesmas, deixando-se levar até às profundezas das suas almas.
Em comum, Mila e Simon têm passados conturbados, segredos enraizados no lugar mais fundo do seu ser. Ambos vivem com os demónios dos seus passados, sendo que esta componente psicológica acaba por conferir uma densidade absoluta ao enredo.
A par deste casal de protagonistas, "A Hipótese do Mal" vive também de tantas outras personagens que, embora possam parecer mais secundárias, desempenham um papel fulcral no desenrolar da narrativa e que em função das suas próprias vivências, experiências e passados, a enriquecem, de maneira indubitável. Afinal, a magia do enredo está no conjunto das várias personagens cujos segredos, esquemas, mentiras e passados confluem para um final extraordinariamente surpreendente.
A par deste casal de protagonistas, "A Hipótese do Mal" vive também de tantas outras personagens que, embora possam parecer mais secundárias, desempenham um papel fulcral no desenrolar da narrativa e que em função das suas próprias vivências, experiências e passados, a enriquecem, de maneira indubitável. Afinal, a magia do enredo está no conjunto das várias personagens cujos segredos, esquemas, mentiras e passados confluem para um final extraordinariamente surpreendente.
Assim, a par da acção, da investigação e dos crimes, somos atraídos pelas personagens, pelas suas vivências, pelos seus comportamentos e acções. E se por vezes julgamos conhecer determinada personagem, a verdade é que há alturas em que ficamos chocados com revelações e com o seu envolvimento no decurso da acção e no próprio desenrolar do mistério. Donato Carrisi constrói personagens com dimensões múltiplas e secretas, criando no leitor uma sensação de desconfiança relativamente às suas verdadeiras personalidades e secretos objectivos.
No decorrer da narrativa senti-me por vezes inquieta, outras tantas confusa e outras ainda curiosa, ansiosa e na expectativa relativamente ao desfecho do livro.
"A Hipótese do Mal" aparece-nos como uma narrativa imbuída de suspense, de tensão e de sombras. E a verdade é que todo o enredo despertou em mim reflexões interiores, pois todos nós em algum ponto das nossas vidas já desejamos desaparecer, deixar o passado para trás, deixar a nossa existência actual para trás e começar num sítio novo, uma vida nova. Estas reflexões levam-nos a sentir, em determinado momento, algum grau de empatia por aqueles que decidiram desaparecer. E, de repente, essa empatia transforma-se em estupefacção quando essas pessoas reaparecem para matar. Conheces a hipótese do mal? Será que o mal cometido com um objectivo para o bem justifica a acção em si?
Durante a leitura houve momentos em que tive de parar e inspirar fundo para conseguir absorver certos acontecimentos e outros momento houve em que, pura e simplesmente, tive de voltar atrás e reler as mesmas linhas para me assegurar de que tinha lido e compreendido bem.
O autor cria um enredo tão intrincado que a cada página somos surpreendidos. É inquestionável que Donato Carrisi consegue criar, de tal forma, um nó feito de suspense e de pequenos fios de mistério e ligações que vão sendo tecidos ao longo da narrativa, que o leitor pode pensar que já descobriu a verdade e, repentinamente, aperceber-se de que nada é afinal o que parecia ser. O autor cria no leitor uma ânsia intensa de deslaçar estas linhas para conseguir terminar o puzzle e compreender a plenitude da verdade.
Em suma, em "A Hipótese do Mal", o autor Donato Carrisi volta a mostrar por que é um mestre a construir enredos genialmente arquitectados, onde a narrativa é toda ela marcada pelo suspense, pela profundidade psicológica, pela densidade humana e pelo mistério até à última linha, linha essa que provoca um formigueiro e uma inquietude no leitor por deixar no ar a possibilidade de uma nova história.
CLASSIFICAÇÃO: 6. Excelente!
2 comentários:
Olá :)
Depois de ler a opinião confesso que fiquei curiosa com este autor. :) Vou acrescentar às minhas possíveis futuras aquisições :).
Boas leituras
Rosana
http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/
Rosana vale bem a pena ler. E se possível ler por ordem :). Se puderes ler por ordem "Sopro do Mal" e "A Hipótese do Mal" para compreenderes a evolução das personagens e os seus passados ainda melhor :)
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