domingo, 20 de julho de 2014

"Amor e Enganos" (Julia Quinn): OPINIÃO!

É indiscutível que a autora Julia Quinn me conquistou assim que li o primeiro volume da Série Bridgerton - "Crónica de Paixões e Caprichos" e depois quando li "Peripécias do Coração" percebi que esta magia dos seus livros se iria manter ao longo dos volumes seguintes. Mal termino mais um volume desta série a vontade que tenho é de pegar no seguinte logo de imediato e, uma vez que por cá já estão publicados os volumes quatro - "A Grande Revelação" e cinco - "Para Phillip com amor" a verdade é que é difícil resistir, mas como têm sido livros que devoro com uma rapidez apaixonante prefiro ir espaçando as leituras para ir apreciando esta família e as suas aventuras no amor aos poucos. Esta série é constituída por oito volumes, cada um deles centrado em cada um dos filhos da Viscondesa Violet Bridgerton e cada história tem o seu encanto, os seus obstáculos e o seu final que habitualmente deixam o leitor com um sorriso nos lábios e o coração aconchegado.

"Amor e Enganos" é o terceiro volume deste série e depois de termos acompanhado as histórias de Daphne e de Anthony Bridgerton, eis que chega o momento de nos embrenharmos na história de Benedict Bridgerton e perdermo-nos em linhas repletas de doçura, onde um romance nasce, é colocado perante atribulações que dificultam a sua concretização rápida e que culminam  num desfecho onde o coração do leitor palpita. 

Benedict Bridgerton é um jovem solteiro que num baile de máscaras se enfeitiça por uma jovem desconhecida. Benedict não chega a ver a sua cara coberta por uma máscara. Os olhos daquela mulher ficam na sua mente. A energia desta mulher parece ser magnética. Benedict não sabe quem ela é, nem como se chama, quem é a sua família. Esta mulher misteriosa é Sophie, uma jovem com uma vida difícil, marcada pelo peso de ser a filha bastarda de um conde que entretanto morre; jovem essa que fica sob a alçada de uma madrasta cruel e que partilha a sua existência com as duas filhas desta. Ao belo estilo da história da Cinderela temos a madrasta má, as duas irmãs (uma delas com uma personalidade indesejável e outra que nutre simpatia por Sophie, mas que se afasta para não entrar em conflito com a sua mãe). Sophie vive assim uma vida votada à simplicidade, aos trabalhos domésticos forçados, sem dote ou perspectivas de futuro. Só que Sophie tem um sonho: ir ao baile de máscaras organizado por Lady Bridgerton. O sonho concretiza-se. Quando conhece Benedict sente que ele é o amor da sua vida. No entanto, duas pessoas de mundos tão diferentes não têm futuro juntos. A filha bastarda de um conde não tem a possibilidade de sonhar com um amor assim...aparentemente impossível.

Contudo, e como seria de esperar, Julia Quinn surpreende-nos com uma narrativa que reveste-se de doçura e embora tudo pareça indicar que este amor é impossível, o coração do leitor torce por um romance pleno e feliz. Benedict não consegue esquecer aquela mulher do baile. Mas a verdade  é que também não a consegue encontrar em lugar nenhum. Quando o destino os volta a unir, Benedict não conhece a mulher do baile, mas sim uma jovem criada de família. Mas o coração de Benedict deixa-o confuso: como é possível sentir o mesmo por esta criada, tal como sentiu pela mulher do baile?

Através de um enredo repleto de ternura e, ao mesmo tempo, marcado pela incerteza, acompanhamos este amor e as surpresas que com ele surgem. A escrita cheia de emoção leva o leitor pelas páginas deste livro embalado numa doce história de emoções onde Benedict se debate com os seus sentimentos e Sophie se confronta interiormente com a sua ilegitimidade e todas as consequências que daí advêm.

Ao contrário do que acontece nos dois volumes anteriores, em "Amor e Enganos" é a personagem feminina que se debate com algo que a retrai e a impede de se entregar a um grande amor. É inegável que à luz de um século diferente (século XIX) e de uma sociedade com costumes distintos, Julia Quinn nos coloca perante temáticas pertinentes, nomeadamente os filhos ilegítimos e as diferenças entre classes sociais.

Para além de um romance, "Amor e Enganos" brinda-nos com laços familiares, a união entre irmãos e traz até nós um vislumbre de como vão as vidas dos Bridgerton agora casados - Daphne e Anthony. A possibilidade de reaver personagens de volumes anteriores acaba por trazer uma riqueza adicional à narrativa. A verdade é que os livros da autora Julia Quinn vivem das suas personagens que possuem uma aura muito particular, aura essa que faz brilhar a narrativa.

Em suma, "Amor e Enganos" afigura-se-me como uma narrativa emocional, assente numa história tão conhecida de todos (Cinderela). Não obstante, esta premissa inicial, este terceiro volume da série Bridgerton presenteia-nos com um enredo muito próprio, sendo que com o aproximar do desfecho somos brindados com surpresas que fazem o leitor sentir que finalmente Sophie teve justiça depois de um passado complicado, tendo o final que merece. E claro que continuamos a seguir as Crónicas de Lady Whistledown cuja identidade se mantém um mistério: o meu coração de leitora tem um palpite sobre quem estará por detrás destas crónicas. Será que o mistério será desvendado em "A Grande Revelação"? Em breve ficarei a saber. Até lá manterei as personagens de Julia Quinn num canto especial do meu coração que a autora tão docemente conseguiu conquistar.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!


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