quarta-feira, 17 de abril de 2013

"A Filha do Conspirador" (Philippa Gregory): OPINIÃO!

O que dizer sobre este livro da Civilização "A Filha do Conspirador"? Oh que adorei! Mas isso não é de admirar porque sou fã da autora Philippa Gregory.

Desde que li "Duas Irmãs, Um Rei" fiquei apaixonada: a autora conseguiu mostrar-me que os romances históricos são um género literários deveras cativante e desde então li "A Senhora dos Rios", "A Rainha Vermelha" e "A Rainha Branca" e eis que nos chega "A Filha do Conspirador". E aquilo que inicialmente estava para ser uma trilogia dedicada à Guerra dos Primos já vai no quarto livro e finda esta leitura a autora abre-nos o apetite para um próximo livro - "A Princesa Branca".

Quer-me parecer que a própria autora Philippa Gregory, em resultado das suas pesquisas bibliográficas, acabou por se apaixonar pelas figuras históricas envolvidas na Guerra dos Primos deixando a sua criatividade literária derramar-se em vários livros que a mim me dão uma vontade imensa de ler tudo o que é romance histórico que tenho nas estantes cá de casa.

"A Filha do Conspirador" é-nos narrado pela voz de Ana Neville, uma das duas filhas de Ricardo Neville, Conde de Warwick. Ana e a sua irmã Isabel brincaram desde novas ao faz de conta imaginando-se rainhas e a verdade é que Ricardo Neville, seu pai, tem essa ambição vincada de forma intensa.

Ricardo Neville, Conde de Warwick foi apelidado de "Fazedor de Reis" e como desempenha um papel poderoso na corte e junto do soberano, tudo fará para colocar uma das suas filhas no trono de Inglaterra através do casamento.

"A Filha do Conspirador" brinda-nos com uma narrativa envolvente, onde sobressai um enredo cheio de paixões, ódios, jogos de manipulação, traições e guerra. 

Nos anteriores livros da série "A Guerra dos Primos", a personagem Isabel Woodville desempenha um papel central, sendo que toda a narrativa gira em torno de si e é-nos dada a sua perspectiva sobre as lutas pelo trono. Em contrapartida, "A Filha do Conspirador" é-nos narrado sob uma perspectiva totalmente diferente e é absolutamente extraordinária a forma como a autora Philippa Gregory, através desta simples mudança de narrador, nos dá uma imagem radicalmente distinta de Isabel Woodville. Neste livro, Isabel Woodville aparece-nos como um mulher capaz de tudo para manter a sua posição de rainha, mesmo que isso implique causar mal a terceiros; alguém acusado de bruxaria, uma mulher que pretende somente provir a sua família e fazê-la ascender na hierarquia social.

Muitas vezes dei comigo mesma a pensar se Isabel Woodville era uma rainha boa como transparecia nos livros anteriores ou se efectivamente tinha uma faceta obscura desconhecida e perspicazmente dissimulada.

"A Filha do Conspirador" é um livro absolutamente apaixonante que nos aprisiona numa teia de conspiração, onde as vidas de certas personagens são usadas meramente como peões com vista a um objectivo, sem olhar a meios, a vontades próprias, a sentimentos e a lealdades.

A escrita é rica em descrições belas que nos levam a passear pela corte e a ficar a conhecer profundamente uma época distante. 

Mais uma vez, a autora Philippa Gregory presenteia-nos com uma leitura imensamente rica em História e faz-nos sentir na pele, as relações humanas, de maneira brilhante, de tal forma que suscita no leitor uma vontade quase incontrolável de descobrir mais sobre estas personagens e outras que desempenharam papéis fulcrais no rumo da História.

Colocando um pouco de parte as guerras, lutas, maquinações e conspirações com vista ao trono de Inglaterra, Philippa Gregory remete-nos para uma narrativa emocional onde sobressaem mulheres de força, de carácter e de coragem; mulheres cujos comportamentos por vezes inesperados apenas podem ser entendidos à luz de uma época marcada pela ambição.

São-nos dadas a descobrir mulheres que sofrem, que são submetidas a casamentos combinados e estudados, mulheres que não casam por amor. É fascinante a maneira como a autora Philippa Gregory nos dá uma visão tão íntima das relações, dos laços de sangue, do casamento e da fertilidade e da "luta" para se ter um filho varão.

Resumindo, "A Filha do Conspirador" põe novamente em evidência todo o estudo e pesquisa bibliográfica que transparece numa narrativa cheia de pormenores históricos, repleta de acção e cheia de sentimento que nos dá uma perspectiva totalmente diferente da época que ficou conhecida como "A Guerra dos Primos".

Um livro delicioso que prende o leitor desde a primeira página. Para mim foi um prazer ler "A Filha do Conspirador" pelo que aconselho esta leitura sem quaisquer reservas, ao mesmo tempo que faço votos de que o próximo livro não demore muito tempo a ser publicado pela Civilização pois a curiosidade é mais que muita!

CLASSIFICAÇÃO: 6. Excelente!


Sem comentários: