Quando me deparei com "A Mãe Terra" da autora Jean M. Auel devo confessar que o livro impõe respeito pelo número de páginas e que o facto deste livro pertencer à saga "Filhos da Terra" me deixou algo receosa por não saber o que se passou nos volumes anteriores, mas decidi arriscar entrando no espírito "vou viajar no tempo. por favor não incomodar" e finda a leitura devo dizer que não me arrependi.
A autora leva-nos numa viagem até à Idade do Gelo e transporta-nos para a Europa entre 35 e 25 mil anos a.C. dando-nos a conhecer usos, costumes, paixões, relações, fé e comunidade.
Nas páginas iniciais enquanto leitora senti-me a adaptar à história, a formar primeiras impressões, a definir o que estava a achar do livro e gradualmente fui-me embrenhando numa história e leitura que se revela deveras original pela temática que aborda.
Fui comentando cá em casa esta leitura dizendo muitas vezes que lá andava eu em cavernas e no meio dos animais e, se bem que possa dizer que inicialmente fiquei um pouco confusa com lugares e nomes e personagens, aos poucos a autora Jean M. Auel através da sua mestria e escrita conseguiu prender-me às páginas deste livro dando-me a conhecer personagens como Ayla, o seu companheiro Jondalar e a sua bebé Jonayla.
A autora construiu as personagens de forma tão excepcional, verdadeira e humana que se torna impossível ao leitor não se ligar a elas sentindo empatia.
Por vezes as descrições podem ser mais longas e pouco apreciadas pelos leitores mais impacientes mas a verdade é que a riqueza da informação que existe na narrativa é soberba.
"A Mãe Terra" brilha por nos dar a conhecer como estes seres humanos viviam, onde habitavam, qual era a sua alimentação, como faziam os utensílios e como os usavam e muito mais.
Mas a mim o que me conquistou mais foi ficar a conhecer como se organizavam e como se relacionavam. Durante a leitura deparei-me muitas vezes com um sentido de grupo/comunidade acentuado, sendo em alguns descrições visível a noção de hierarquia social.
Na vertente mais pessoal/conjugal, a autora Jean M. Auel presenteia-nos com um livro repleto de sentimentos onde sobressaem conceitos como compromisso e fidelidade. Está presente de forma clara a relação entre cônjuges, entre pais e filhos e entre comunidades.
A nível social deparamo-nos com um livro rico em convívio onde se destacam a integração social, bem como a troca de conhecimentos e de objectos numa alusão clara à noção de partilha. Ao mesmo tempo, vemos a posição forte das mulheres, enquanto mães, esposas e líderes.
Além de toda a riqueza narrativa abordada até agora, a autora Jean M. Auel consegue ainda brindar-nos com um livro que remete para a componente espiritual, para a fé humana e para a crença.
"A Mãe Terra" além de ser um livro que nos remete para uma viagem física que atravessa o continente europeu e nos mostra o misticismo das cavernas sagradas e as suas pinturas rupestres, é também um livro onde as personagens fazem descobertas pessoais sobre si mesmas.
Em suma, "A Mãe Terra" da autora Jean M. Auel é um livro escrito de forma bela, onde a narrativa rica em História e o enredo humano sobressaem e cativam o leitor. É sem dúvida uma leitura totalmente diferente que ultrapassado o inicial receio valeu muito a pena!
CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!
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