sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"A Idade da Inocência" (Edith Wharton) (Desafio Clássicos 2013 - Julho): OPINIÃO!

Sempre que leio um clássico fico admirada. E porquê? Porque apesar de já ter lido alguns clássicos durante este ano, a verdade é que ler um clássico continua a ser uma aprendizagem bem como uma viagem ao longo das páginas. Continuo a constatar que ler um clássico não é algo fácil. Aliás, é algo complexo, que exige atenção extra por parte do leitor para que este consiga extrair uma mensagem, uma lição, uma crítica para assim ser capaz de o analisar devidamente.

Ler o clássico de Julho - "A Idade da Inocência" da autora Edith Wharton foi assim uma aventura. Nunca tinha lido nada da autora pelo que foi uma estreia. 

Remetendo-nos para a sociedade nova iorquina do século XIX, a autora consegue traçar um retrato das pessoas, dos locais, dos convívios sociais e da forma de estar, com realismo e intensidade. A ênfase que a autora Edith Wharton coloca na caracterização das personagens, das suas vivências, das suas emoções, dos seus comportamentos e das suas personalidades torna a leitura cativante, pois ao entrarmos nos mundos interiores das várias personagens não podemos deixar de constatar que, muitas vezes, o peso de ter um comportamento socialmente desejado e correcto se sobrepõe e entra em contradição com o coração e a emoção.

Neste clássico "A Idade da Inocência" é absolutamente visível que as condicionantes sociais da época, no que concerne ao modo como se espera que alguém se comporte, exerce grande força sobre as personagens. Numa época em que os convencionalismos sociais eram imensos e restritivos, surge a personagem de Newland Archer, personagem fulcral do livro, que se nos afigura como um homem inteligente que sente dificuldades em se adaptar às regras da sociedade dado o seu espírito livre e à frente do seu tempo. Nesta personagem sente-se perfeitamente que há um esforço para respeitar as regras sociais mesmo que para isso seja necessário guardar as suas emoções.

Quando a Condessa Olenska surge na narrativa, o mundo de Newland Archer abana e este, apesar de se encontrar noivo, é arrebatado por uma paixão forte que colocará em causa os valores e condicionalismos sociais.

É em torno destas e doutras personagens que se desenrola uma narrativa plena de descrições e onde a crítica social desempenha um papel importante como vem sendo hábito nos clássicos que tenho vindo a ler. "A Idade da Inocência" pelo seu enredo, pelas suas descrições e pelas suas personagens leva o leitor numa reflexão séria sobre as pressões sociais e sobre o grau de liberdade de escolha pessoal e emocional no que concerne à sociedade retratada nas páginas deste clássico.

Em suma, "A Idade da Inocência" da autora Edith Wharton faz-nos reflectir sobre as sociedades de tempos anteriores, sobre o quanto as sociedades evoluíram e sobre o valor dos sentimentos e a escolha que cada um faz em função de um condicionalismo social.

CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!



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