sexta-feira, 20 de setembro de 2013

"Raptada" (Lauren DeStefano): OPINIÃO!

Depois de ter lido “Destinos Interrompidos” fiquei com imensa vontade de conhecer outras distopias, embrenhar-me neste estilo de literatura tão particular. Não consigo deixar de pensar que ler distopias é uma experiência de leitura deveras única, pois quando confrontados com mundos distópicos e perante sociedades com condicionantes que, presentemente, se nos afiguram totalmente inimagináveis, a leitura torna-se realmente envolvente.

Enquanto leitora ver-me perante uma narrativa que me apresenta uma sociedade particular como aquela que surge em “Raptada” e, apesar de nunca ter pensado apreciar algo tão diferente da literatura que estou habituada a ler, a verdade é que as distopias me atraem de uma forma muito intensa.

Em “Raptada” da autora Lauren DeStefano, encontramos uma sociedade onde os recém-nascidos têm um “prazo de validade” : as mulheres só vivem até aos vinte e os homens até ao vinte cinco o que nos remete para uma situação que, quando ponderada, assume contornos assustadores: o que fazer para a sociedade não se extinguir? Espera-se que os jovens sejam, respectivamente, mães antes dos seus vinte anos e pais antes dos vinte cinco para que continue a haver civilização humana.

E é neste contexto que encontramos uma “solução” para o problema, solução essa que a nós leitores que vivemos numa sociedade como a conhecemos e que não concebemos mudanças de grande envergadura a curto/médio prazo nos parece errada e altamente estranha: raptar jovens raparigas e forçá-las a casar para assim procriarem e darem continuidade à raça humana, sendo obrigadas a viver casamentos polígamos.

Uma dessas jovens raptada é Rhine Ellery, uma adolescente de dezasseis anos que se vê numa casa cheia de luxo e privilégios, juntamente com outras jovens que irão ser suas irmãs-esposas. Lidar com esta situação não será fácil para Rhine que apenas quer recuperar a sua liberdade.

A autora Lauren DeStefano leva-nos por uma narrativa cheia de personagens ricas que conferem um dinamismo e riqueza cativante à leitura. Conhecemos o jovem criado Gabriel por quem Rhine começa a sentir uma perigosa atracção, o marido Linden que revela sentimentos de amizade e amor pelas suas esposas apesar da dinâmica relacional ser particularmente distorcida, o excêntrico pai de Linden que quer a todo custo encontrar um antídoto que combate este “prazo de validade genético” e que não olha a meios para atingir os fins, colocando-nos perante questões éticas, morais e emocionais muito intensas e, por fim, as irmãs-esposas que nos mostram as relações que estabelecem entre si e as suas personalidades.

Perante este mundo distópico é inevitável pensar no que poderá advir da constante evolução científica e que mudanças poderão surgir na sociedade tal como a conhecemos hoje em dia.

Ler “Raptada” provocou em mim uma certa inquietude, pela forma como  a autora Lauren DeStefano, através da sua escrita e da sua narrativa muito sincera, torna as personagens reais, aproximando o leitor das suas emoções, fazendo-o ansiar pela sua liberdade, mas também sofrendo com a aproximação do seu fim estabelecido. Vibrei com Rhine e torci por ela: quis que fosse feliz, quis que conseguisse ser livre e, ao mesmo tempo, preocupei-me com o que seria feito dela fora da casa luxuosa onde vive com Linden.

“Raptada” termina de uma forma que deixa o leitor em suspenso, ansiando por ter mais páginas para ler, desejando ter já na sua mão “ Delírio” – o segundo livro da trilogia “O Jardim Químico”. A autora Lauren DeStefano envolveu-me no enredo de “Raptada”, pelo que irei certamente ler sem falta “Delírio” e saciar a minha curiosidade.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!


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