terça-feira, 25 de março de 2014

"O Escândalo Modigliani" (Ken Follett): OPINIÃO!

Ken Follett é Ken Follett. Sempre que está prestes a ser lançado um novo livro deste autor, os leitores seus fãs são envolvidos numa corrente de curiosidade e ficam ansiosos por desvendar que nova história o autor lhes vai oferecer.

Como tal, quando vi que "O Escândalo Modigliani", originalmente publicado em 1976 e agora reeditado pela Editorial Presença, ia ser lançado fui espreitar a sinopse que me agradou automaticamente pelo seu tom implícito de mistério.

Tudo começa quando Dee Sleign, uma jovem formada em História de Arte, se depara com a pista de um Modigliani desconhecido que o pintor terá oferecido a um amigo. Neste cenário, Dee vê a oportunidade perfeita de ir ao encalço desta obra e, a partir daí, criar a sua tese de mestrado. Só que Dee comete um erro: partilha esta pista com o seu tio, dono de uma conceituada galeria de arte e, à medida que vamos avançando na leitura vamos vendo que a "notícia" do Modigliani se espalha e muitas são as personagens que têm interesse próprio em serem elas a descobrir este quadro. 

De capítulo em capítulo vamos ficando a conhecer personagens variadas entre eles Charles Lampeth, o tio de Dee, assim como um jovem pintor que luta para ver o seu nome reconhecido no mercado de arte e um outro homem formado em Arte mas sem jeito para pintar que tenta abrir a sua própria galeria.

Através de uma escrita célere onde vai sobressaindo um enredo que ganha mistério de forma gradual, o autor Ken Follett dá-nos a conhecer as personagens, nomeadamente, no que toca às suas vidas pessoais e profissionais e aos seus anseios e dificuldades.

Ao longo da narrativa, "O Escândalo Modigliani" encerra um cariz de mistério e suspense que se vai acentuando à medida que vamos vendo que muitas personagens andam atrás do quadro desconhecido, sendo que o clima de tensão e busca é quase palpável graças à forma como Ken Follett transporta o leitor para dentro das suas páginas e o envolve com as suas descrições e ritmos de acção.

A par desta envolvência de mistério, o autor Ken Follett introduz, de forma brilhante, uma nota de crítica absolutamente apurada e mordaz ao mundo dos marchands e das galerias e da arte em geral. Na narrativa construída pelo autor acaba por sobressair a hipocrisia do mercado da arte por só valorizar os artistas aquando da sua morte: são inúmeros os pintores cujo nome e obra só são reconhecidos e monetariamente valorizados quando já faleceram. Ao mesmo tempo, Ken Follett cria personagens onde é visível a luta dos novos artistas para singrar no mercado da arte.

É assente nesta crítica que o autor Ken Follett cria um enredo onde um esquema de falsificação, genialmente orquestrado, põe a nu a fabilidade dos peritos de arte e abana os alicerces do mercado de arte. É cativante a forma como o autor, através da criação deste esquema de falsificação, consegue destacar a importância de se valorizar os artistas ainda em vida.

Envolvido por este contexto, o leitor continua a acompanhar as personagens e a questionar-se onde estará o Modigliani desconhecido e quando este é descoberto coloca-se a questão: será este Modigliani verdadeiro ou uma falsificação? Quem terá conseguido ficar com o Modigliani verdadeiro?

Ken Follett cria um ambiente de mistério e suspense que se mantém até à última página, brindando o seu leitor com um desfecho absolutamente surpreendente. Deste modo, "O Escândalo Modigliani" revela-se como uma narrativa de qualidade, embora seja de mencionar que, atendendo ao facto de anteriormente já ter lido outros livros do autor (Os Pilares da Terra I, Os Pilares da Terra II, A Ameaça e O Voo das Águias), publicados já depois deste que foi lançado originalmente em 1976, nota-se que ao longo dos anos o autor Ken Follett tem vindo a apurar, de forma magistral, a sua capacidade para criar e contar histórias repletas de mistério.

CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!

«Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.»
«Para mais informações sobre o livro O Escândalo Modigliani, clique aqui.» 


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