quarta-feira, 20 de agosto de 2014

"Minha Querida Inês" (Margarida Rebelo Pinto): OPINIÃO!

"Minha Querida Inês" de Margarida Rebelo Pinto chegou cá a casa de surpresa certa altura. Entretanto foi ficando na estante e foi sendo ultrapassado por outras leituras. Eu nunca tinha lido nada da autora. Não tenho qualquer ponto de referência. Quando chegou a altura de escolher um livro de um autor português (desafio de 2014), a escolha recaiu finalmente sobre este livro, principalmente por se tratar de um romance mais na vertente histórica. Claro que a minha curiosidade sobre a figura de Inês de Castro contribuiu para que pegasse finalmente neste livro e me lançasse nas suas páginas.

Descrito como a primeira incursão da autora no romance histórico, "Minha Querida Inês" retrata os últimos sete dias de vida desta mulher que marcou a História de Portugal. O amor de Pedro e Inês é dos mais sobejamente conhecidos e muitos autores se debruçaram sobre esta história plena de sentimentos onde o desfecho trágico a catapultou para a eternidade.

Narrado na primeira pessoa, ouvimos a voz de Inês de Castro, conhecemos o seu amor, as suas angústias e os seus medos. Conhecemos Inês, a mulher e companheira de Pedro, assim como Inês, a mãe. E além desta voz somos presenteados com outras vozes que nos trazem diferentes perspectivas: ouvimos os pensamentos daqueles que querem bem a Inês e escutamos as intrigas daqueles que vêem Inês como uma ameaça.

"Minha Querida Inês" de Margarida Rebelo Pinto traz até nós uma narrativa que mistura amor e intriga. D. Afonso IV, pai de D. Pedro, vê Inês de Castro como uma ameaça: algum dos filhos bastardos desta mulher pode roubar o trono daquele que é o filho legítimo de D. Pedro. D. Afonso IV receia que os irmãos de Inês de Castro, amigos de D. Pedro, armem uma cilada para matar o filho legítimo de D. Pedro para assim permitirem que um bastardo de Inês fique com o trono. Este medo constante de D. Afonso IV e esta preocupação profunda com os filhos bastardos tem as suas raízes na sua própria infância: D. Afonso IV sempre se sentiu preterido em relação a um filho bastardo do seu pai D. Dinis. D. Afonso IV teve de lutar para conseguir o trono e não quer que a história se repita opondo o filho legítimo de D. Pedro a um bastardo de Inês de Castro.

É com este cenário de fundo que a autora Margarida Rebelo Pinto nos traça uma trama com envolvência histórica, onde a narrativa é tecida através de uma escrita simples e fluída. O enredo não é complexo, mas dá-nos uma luz clara sobre os últimos dias de Inês de Castro, sobre a sua relação com D. Pedro, sobre os seus sentimentos e sobre toda a dinâmica de intriga que se constrói nas suas costas. 

Basicamente, "Minha Querida Inês" é a narrativa de uma história de amor precocemente interrompida em consequência dos jogos de poder e de intriga. Embora se trate de um romance histórico, fica a sensação de que falta alguma profundidade ao enredo, sendo que este livro da autora Margarida Rebelo Pinto acaba por levantar apenas a ponta do véu sobre esta história de amor intemporal, deixando no leitor a vontade de ler outros livros que esmiuçem mais intensamente este drama amoroso.

CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!



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