terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"A ofensa" (Ricardo Menéndez Salmón): OPINIÃO

Tenho andado a ler "As velas ardem até ao fim" de Sándor Márai e confesso que o livro não me está a conquistar. Apesar do livro só ter 160 páginas tem sido complicado avançar na leitura: a história até é interessante mas considero que a escrita do autor é muito densa exigindo um nível de concentração adicional para avançar no livro. De qualquer forma já li até à página 102 pelo que em breve colocarei aqui no blogue a minha opinião.

Entretanto ontem ao fim da tarde, enquanto ia a conduzir a caminho de casa após um dia de trabalho ia pensando que o que me apetecia mesmo era ler um bom livro e com isto quero dizer ler um livro que me conquistasse, que me cativasse, que me prendesse a cada página e que me transportasse para outro lugar, outra história, outro momento.

Assim, quando cheguei a casa olhei para a minha prateleira e decidi fazer uma pequena pausa no livro "As velas ardem até ao fim" e começar a ler "A ofensa" de Ricardo Menéndez Salmón. Escolhi ler este livro por ser um livro recente lá em casa e por ter poucas páginas (apenas 128), dado que não queria interromper durante muito tempo a leitura d' "As velas ardem até ao fim".

Então comecei a ler o livro e reparei imediatamente que os capítulos eram pequenos e que se liam com extrema facilidade. Após um pequeno intervalo na leitura para jantar regressei ao livro e fui lendo mais um pouco e mais um pouco e quando vi estava a meio do livro e continuava a apetecer-me ler pelo que só parei quando terminei o livro todo. Foi com espanto que constatei que pela primeira vez (se a memória não me estiver a falhar lol) tinha lido um livro num dia apenas. E foi com pena que vi o livro chegar ao fim.

Quando li a seguinte sinopse digo-vos que não me chamou logo a atenção mas o livro conquistou-me:

"Se o corpo é a fronteira entre cada um de nós e o mundo, como pode o corpo defender-nos do horror? Quanta dor pode um homem suportar? Pode o amor salvar aquele que perdeu a esperança? São estas algumas das perguntas implícitas em "A Ofensa", a história de Kurt Crüwell, um jovem alfaiate alemão empurrado pelo nazismo para o vórtice de uma experiência radical e insólita."

Depois de ler este livro fiquei a perceber porque é que efectivamente "A Ofensa" foi finalista do Prémio Salambó e do Prémio Nacional da Crítica, além de ter sido considerado por vários órgãos da comunicação social o melhor romance publicado em Espanha em 2007.

A história de Kurt Crüwell, um jovem alfaiate alemão empurrado pelo nazismo fascinou-me e à medida que fui acompanhando a sua viagem por uma época marcada por actos de uma violência indescritível não pude deixar de me sentir revoltada e acima de tudo tocada pelo sofrimento a que tantas pessoas foram sujeitas. No entanto, Kurt encontra na sua vida Ermelinde e é nesta fase que o livro se enche de pinceladas de sensibilidade e de afecto que acabam por trazer à história uma vertente mais suave e menos dolorosa.

Ricardo Menéndez Salmón era um autor que não conhecia e que me conquistou, sendo que já li algumas páginas do 2º livro desta trilogia "Derrocada". Peguei no livro apenas com a curiosidade de espreitar algumas páginas mas fiquei imediatamente presa querendo ler mais e mais, por isso provavelmente irei ler "Derrocada" e "As velas ardem até ao fim" em simultâneo.

Aconselho a leitura sem qualquer reserva.


CLASSIFICAÇÃO: 7. Absolutamente fantástico

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