Considero-me uma leitora inata e instintivamente curiosa e depois de ter lido "Rendida" ficou a vontade de ler o segundo volume da série Crossfire - "Refletida". Não que "Rendida" se trate de um prodígio da literatura, pois convenhamos que os romances eróticos servem essencialmente o propósito de entreter, mas a verdade é que quis descobrir mais sobre as personagens Gideon e Eva, neste segundo volume.
Depois de ter arranjado "Refletida" numa troca iniciei a minha leitura, com expectativas é claro, e embora tenha gostado, fiquei mais encantada com "Rendida".
A meu ver, em "Rendida" fiquei assoberbada pela paixão intensa, sensual e instantânea que se desenvolve entre Gideon e Eva e deixei-me levar pela euforia da paixão que todos nós leitores já alguma vez experimentamos na nossa vida: aquela fase inicial em que somos arrebatados e nos deixamos levar sem limites, sem censura e sem lógica.
Agora em "Refletida" deparamo-nos com um casal cuja relação não se insere nos padrões normais; casal esse a braços com os seus demónios interiores, os seus medos, os seus passados e segredos. Numa perspectiva de densidade emocional e psicológica foi deveras interessante ficar a conhecer mais detalhamente as personagens Gideon e Eva.
Todo o backgound das personagens é denso, sendo que gradualmente vão sendo feitas revelações que nos permitem espreitar um pouco mais para o interior das personagens e compreender os seus comportamentos.
Contudo, o seu relacionamento conturbado, instável e repleto de tensão suscitou em mim, enquanto leitora, uma dose acentuada de irritação. Na capa podemos ler "no doce limite da obsessão" e, é verdade que quando enamorados ou apaixonados todos gostamos de sentir que o nosso companheiro ou companheira nos quer só para ele/ela, que sente ciúmes, que quase "toma posse" de nós, mas não posso deixar de constatar que esse sentimento de posse em "Refletida" não é doseado de forma q.b..
O relacionamento muito peculiar entre Gideon e Eva, enche-se de contornos de verdadeira obsessão e possessividade, sendo que tal acarreta consequências na relação nomeadamente, na auto-estima de Eva que, embora se nos afigure como uma personagem feminina forte, também revela as suas fraquezas no que a Gideon diz respeito, mostrando um lado de vulnerabilidade e de dependência emocional e física deveras intenso e perturbador.
Durante a leitura de "Refletida" deparei-me várias vezes com a sensação de que o envolvimento físico e íntimo entre Giden e Eva é muitas vezes a forma de "festejar" fases boas e mais serenas da relação, bem como mecanismo para fugir a diálogos mais profundos, sinceros e reveladores. Simultaneamente, ficou em mim a percepção de que Eva expõe mais as suas fragilidades, não sendo o contrário verificado. Este desequilíbrio comunicacional em que a um "eu partilho tudo contigo" se obtém como resposta "os meus problemas são meus. Não quero preocupar-te com isso" provoca no leitor alguma inquietação e sem dúvida uma reacção emocional.
Por outro lado, é de mencionar o destaque que determinadas personagens secundárias ganham, trazendo para o enredo uma complexidade acrescida, bem como momentos de acção pautados pelo mistério e surpresas inesperadas.
Não obstante, "Refletida" reveste-se de uma aura de sensualidade e erotismo que cativam, sendo que a autora Sylvia Day volta a brindar-nos com uma escrita fluída e simples, que levam o leitor numa narrativa rápida e forte.
CLASSIFICAÇÃO: 4. Bom!
1 comentário:
Com tanta saga "erótica" no mercado, não sei bem em qual me aventurar, obrigado pela opinião ;-)
Bjs
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