Sempre que tenho de escrever a crítica de um clássico fico a olhar para o papel e o papel a olhar para mim numa dança de indecisão, aparente falta de inspiração e reflexão sobre se serei capaz de expressar convenientemente e com qualidade toda a dimensão de um clássico da literatura. Isto acontece-me porque os clássicos da literatura exigem uma reflexão mais aprofundada, ao contrário de alguma literatura actual que, embora nos aprisione por algumas horas de leitura, se revela fácil de analisar pela simplicidade e fluidez do enredo.
Desde que embarquei na leitura de clássicos da literatura cada vez mais me apercebo que ler clássicos é uma verdadeira aventura: é preciso concentração, dedicar toda a atenção ao livro, explorar a narrativa com olhos de ver e retirar toda a crítica inerente às linhas com que nos deparamos.
Apesar de já ter lido anteriormente "A Abadia de Northanger" de Jane Austen, tenho de confessar que estava especialmente curiosa com este livro por figurar entre aqueles que são tão elogiados pelos leitores. Aliás, sentia-me em falta por nunca ter lido "Orgulho e Preconceito". Mas a verdade é que ler clássicos da literatura, na minha opinião é claro, exige uma maturidade especial.
Numa primeira análise posso referir que "Orgulho e Preconceito" conquistou o meu lado romântico de leitora, dando-me a conhecer personagens e a evolução das suas relações, facto esse que me agradou profundamente. Jane Austen é sublime em trazer à luz do dia personagens repletas de personalidade, que conferem riqueza à narrativa.
Analisando mais profundamente, "Orgulho e Preconceito" traz-nos um retrato real e sem pudores de uma época onde a moral e os valores se mostravam em desacordo com o que achamos correcto. É de admirar como uma autora que escreveu este livro em 1813 conseguiu explorar no seu livro temas que se adequam tão perfeitamente à nossa actualidade.
Em "Orgulho e Preconceito" vemos o desejo da ascensão social, a "luta" por um casamento com dinheiro, em detrimento de qualquer sentimento romântico, as impressões formadas só com base no estatuto e nas posses monetárias.
Encontramos igualmente neste clássico, a perigosidade de se formarem primeiras impressões sem conhecimento fundamentado e respectivas consequências que roçam o preconceito. Aliás, o preconceito criado a partir de uma primeira impressão errada dá o mote para uma relação entre personagens que com o convívio se vão conhecendo verdadeiramente e acabam por dar luz e romance a esta narrativa.
Além de ser uma crítica clara à sociedade e à moral, "Orgulho e Preconceito" é também um livro sobre sentimentos, emoções e relações, sendo que nos dá a conhecer personagens que nos fazem rir e sorrir, bem como personagens que nos mexem com os nervos e nos irritam.
O enredo está muito bem construído e é de destacar a escrita da autora que para além de nos presentear com personagens credíveis, dá-nos ainda descrições de cenários fantásticos, fazendo-nos viajar até um tempo passado. A forma inteligente como a autora constrói as personagens faz com que elas personifiquem os aspectos positivos e negativos da sociedade, aspectos esses que, enquanto leitores, podemos inferir dos seus comportamentos, actos e diálogos.
"Orgulho e Preconceito" conquistou-me e fez-me ficar fã de Jane Austen, sendo que será com certeza com imenso prazer que lerei futuramente outros clássicos escritos por esta maravilhosa escritora.
CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!
4 comentários:
É um dos melhores clássicos sem dúvida:)
Beijos
Este é um dos meus livros preferidos, como sabes:)
Realmente ler os Clássicos está a ser um grande desafio, mas acho que está a contribuir para o nosso enriquecimento literário, não achas?
Mais uma vez gostei muito da tua crítica e aconselho-te a leres os restantes desta escritora!
Já li e também gostei. Gostei sobretudo dos diálogos entre as personagens: riquissimos!
Estefânia está a contribuir mesmo para a nosso enriquecimento literário sem dúvida :)
Catarina e Maria João, aconselham-me outros clássicos? :)
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