sexta-feira, 7 de junho de 2013

"A Favorita do Rei" (Sandra Worth): OPINIÃO!

Sempre que leio um romance histórico fico com a sensação de que me apaixono ainda mais um bocadinho por este género literário. Comecei por ler "Duas Irmãs, Um Rei" da autora Philippa Gregory e fiquei tão cativada que não descansei enquanto não tive todos os livros da autora cá em casa. Depois decidi que devia apostar noutros autores que abordassem a época em redor de Henrique VIII, seus antepassados, a sua vida e os seus descendentes. Assim, começou-se a formar cá em casa uma colecção de autores muito interessante onde se encaixa este "A Favorita do Rei" de Sandra Worth. 

Para uma melhor compreensão da evolução histórica, dos laços familiares, das guerras e alianças comecei por ler os livros dedicados à Guerra dos Primos da autora Philippa Gregory e finda a leitura de "A Filha do Conspirador" ficou a vontade, não só de saber mais sobre Isabel de Iorque - filha de Eduardo IV e de Isabel Woodville, mas também sobre o misterioso desaparecimento em torno dos seus irmãos - Eduardo e Ricardo, que acabaram por ficar apelidados de Príncipes da Torre.

Em "Favorita do Rei" embrenhamo-nos na história de Isabel de Iorque e, tal como acontece em todos os bons romances históricos, somos envolvidos por um ambiente de conspirações, lutas pelo poder, manipulações, mentiras e falsidades, assim como entramos no mundo da corte, das ligações, dos jogos, dos amores e relações proibidas, da ascensão hierárquica e do desejo.

A autora Sandra Worth consegue criar uma narrativa plena de uma envolvência rica e opulenta, onde as personagens principais são as estrelas maiores e onde ficamos a conhecer a fundo Isabel de Iorque - menina, adolescente e mulher que vê o seu destino ditado aquando do desaparecimento dos seus irmãos Eduardo e Ricardo. 

Enquanto primeiro filho barão do então Rei Eduardo IV e Rainha Isabel, o príncipe Eduardo seria o sucessor ao trono de Inglaterra e acontecendo-lhe alguma coisa suceder-lhe-ia o seu irmão Ricardo. Como o jovem sucessor não está pronto para reinar, o poder passa para o tio de Isabel, Ricardo de Gloucester e quando os dois príncipes desaparecem na Torre de Londres, levanta-se a suspeita de que Ricardo os aprisionou e assassinou propositadamente para assim tomar conta do trono, sendo que o destino de Isabel de Iorque muda. 

Começam as guerras pelo trono e as traições e as jogadas são complexas e vemos uma disputa intensa pela posição de Rei de Inglaterra.

Isabel de Iorque é apanhada no meio desta teia de ambição, apercebendo-se da sede de poder da sua mãe - Isabel Woodville, que consoante o que melhor lhe convém, se alia a uns e a outros, sem qualquer noção de ética e fidelidade, para que a sua filha, através do casamento, chegue a Rainha da Inglaterra.

A cada romance histórico que leio mais figuras que marcaram a História aparecem e se num dado momento julgamos conhecer alguém, basta que nos seja apresentada a narrativa pelos olhos de outra personagem, para logo surgirem as dúvidas e os bons passarem a maus e os maus passaram a bons.

"A Favorita do Rei" dá-nos a conhecer, de forma intensa, Isabel de Iorque enquanto mulher, esposa, filha, irmã e mãe. Dá-nos uma visão do seu carácter, desejos e valores que acabaram por lhe valer o cognome de "A Bondosa", ao mesmo tempo que nos apresenta e aprofunda uma imagem muito humana de Ricardo III, seu tio e desfaz a visão negativa que o leitor pudesse ter por associá-lo ao desaparecimento e presumível assassinato dos seus sobrinhos. Sobre este mistério são lançadas novas luzes e novos culpados, bem como novas dúvidas, sendo que o mistério se mantém até aos dias de hoje.

A envolvência muito própria dos romances históricos prende o leitor e a escrita da autora Sandra Worth, apresentada de forma fluída e cativante, aliada a uma narrativa repleta de mistério, beleza e teias complexas de conspirações, torna a leitura d' "A Favorita do Rei" célere, surpreendente e apaixonante.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!

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