"O Verão dos Brinquedos Mortos" é o livro de estreia do autor espanhol Antonio Hill e o primeiro volume da série protagonizada pelo Inspector Héctor Salgado. Com uma capa cativante, um título que desperta a curiosidade e uma sinopse de deixar qualquer leitor apreciador de policiais em pulgas, embrenhei-me na leitura a fim de descobrir que histórias me traria esta leitura.
À medida que fui lendo fui-me enraizando gradualmente na história, fui conhecendo personagens, fui ficando a par das suas vidas e dramas pessoais, fui sendo confrontada com crimes, com teias de relações e com mistérios que me provocaram ansiedade, vontade de folhear as páginas com maior rapidez, no intuito de encaixar peças de puzzles soltas, aparentemente desconexas e conseguir ver finalmente o quadro final. E eis que terminado o livro tudo se conjuga, se faz luz, tudo ganha sentido e o leitor é levado numa onda de suspense que foi ganhando força e que, por fim, se transforma numa exclamação inesperada de surpresa!
"O Verão dos Brinquedos Mortos" traz-nos um inspector afastado do serviço por uso excessivo de violência contra um homem suspeito de tráfico humano, sendo que, extra-oficialmente, é-lhe pedido que aborde o caso do aparente suicídio de um jovem de boas famílias: a mãe de Marc Castells não acredita que a morte do filho tenha sido acidental ou suicídio, e é pedido a Salgado que assegure a esta mãe que a investigação não encontrou quaisquer pistas que indiciem crime, de forma a fechar este caso. Só que muitas vezes nem tudo corre como previsto e o que aparentemente poderia ter sido um acidente triste ou um suicídio, depressa começa a suscitar dúvidas e Salgado não consegue fechar o caso sem antes averiguar com mais profundidade o que realmente aconteceu.
É neste cenário de suspeita e mistério que o leitor vai ficando a conhecer outras personagens relacionadas com o jovem Marc, começando-se a constatar que as suas amizades não eram as esperadas para um jovem de tão boas famílias.
Simultaneamente, somos confrontados com a questão que afastou Héctor Salgado do seu serviço: o tráfico humano e embrenhamo-nos numa história paralela, muito intensa, que atrai o leitor para um submundo de crueldade e podridão.
Para intensificar ainda mais a narrativa existe uma personagem sobre a qual eu, enquanto leitora, me questionei sobre a sua identidade e sobre o seu papel; papel esse que apenas é revelado com o aproximar do final do livro e que revela ser a chave de todos os mistérios.
Este livro do autor Antonio Hill faz-nos entrar na intimidade de boas famílias, assim como nos faz viajar pelo mundo interior dos jovens. Por outro lado, leva-nos ao passado, a situações que ficaram lá trás e nas quais não se deveria remexer, sendo que as revelações finais acabam por mostrar o significado do título "O Verão dos Brinquedos Mortos" na sua plenitude.
"O Verão dos Brinquedos Mortos" aborda temáticas humanas muito poderosas, tocantes e sensíveis que enchem a narrativa de uma riqueza particular e que tornam a leitura repleta de entusiasmo e suspense.
O enredo, embora com inúmeras personagens, não se torna complicado, conferindo antes à leitura uma diversidade de personalidades, dramas, segredos e relações que cativam o leitor. A acção é rápida e com a aproximação das páginas finais, aquele leitor que ainda não estava totalmente conquistado é inesperadamente arrebatado e instala-se a vontade impaciente de ler o segundo volume.
CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom!
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