segunda-feira, 24 de junho de 2013

"Madame Bovary" (Gustave Flaubert) (Desafio Clássicos 2013 - Maio): OPINIÃO!

Iniciei a leitura de "Madame Bovary" de Gustave Flaubert no final de Maio e esta além de ter transitado para Junho prolongou-se durante vários dias por este novo mês, muito fruto de ter alternado este clássico com a leitura de outros livros. 

E finda a leitura de "Madame Bovary" mais uma vez volto a constatar que comigo não funcionam leituras simultâneas, pois quer queiramos quer não acabamos por dar sempre mais atenção a uma das leituras. E atendendo a que a leitura de um clássico exige sempre maior concentração, acabei por ser atraída para o outro livro que estava a ler na altura por ser de leitura mais suave. Conclusão: não posso fazer leituras simultâneas, principalmente se uma delas for um clássico. 

Quando terminei "Madame Bovary" fiquei com a sensação de que se trata de um clássico denso, com personagens fortes e uma crítica social vincada. Destacam-se neste livro Charles Bovary e Emma, que acaba por se tornar na esposa de Charles e que pelo seu papel principal neste enredo acaba por dar o seu nome a este livro - Madame Bovary.

Gustave Flaubert leva-nos até à sociedade francesa do século XIX, fazendo-nos passear pelos arredores de Paris, ao mesmo tempo que traça um retrato realista da época em questão.

Muitas vezes encontramos nos clássicos figuras femininas importantes, com personalidades fortes, e neste "Madame Bovary" não é excepção, sendo que a personagem de Emma se nos apresenta com uma força extraordinária e uma personalidade, que pelos seus valores, moral e atitudes sobressai em toda a narrativa. A constante insatisfação de Emma e a busca por novas aventuras e, sobretudo, a meu ver, por um sentimento que a preencha e corresponda às suas expectativas levam-na a apaixonar-se fora do casamento. 

Assim,  Gustave Flaubert brilha neste clássico por abordar um tema como o adultério, sendo que esta abordagem não lhe granjeou nada de positivo por parte da sociedade francesa.

Por outro lado, a permanente insatisfação com a vida faz com que Madame Bovary se releve uma personagem deveras interessante e de uma complexidade tão acentuada que cativa o leitor. Contudo, no decurso da leitura, não pude deixar de reflectir que tão grande insatisfação revela um vazio interior em Emma; vazio esse que ela busca preencher e não o conseguindo a leva a um final trágico e emocionante.

Além de toda a trama que se desenrola à volta de Madame Bovary, Gustave Flaubert dá-nos descrições do quotidiano e da sociedade francesa, que nos permitem absorver a crítica intrínseca no que toca à sociedade em si: burguesia e clero. 

Não pude deixar de fazer um paralelismo entre a sociedade francesa do século XIX que Flaubert retrata e a sociedade actual, nomeadamente no que toca à vida de aparências, das constantes dívidas para se ter destaque social e a constante insatisfação com o presente.

Com o decorrer da leitura e a aproximação do final fui-me envolvendo gradualmente e com maior intensidade na narrativa, fui-me deixando cativar pelas personagens, ao mesmo tempo que fui constatando mais firmemente a riqueza da escrita. 

Finda a leitura de "Madame Bovary" fiquei com a sensação nítida de que se trata de uma narrativa densa, muito por causa da complexidade de Emma e, ao mesmo, senti que este é um livro que terei de ler novamente um dia mais tarde para conseguir abarcar toda a sua plenitude, enquanto leitora.

CLASSIFICAÇÃO: 5. Muito Bom! 


1 comentário:

helena frontini disse...

Um clássico, incontornável. Eu também não gosto de fazer leituras simultâneas, excepto se uma das obras for poesia.