"O Monte dos Vendavais" (Emily Brontë): OPINIÃO!

Desde que comprei "Jane Eyre" de Charlotte Brontë na Colecção de Clássicos da Literatura das Edições Book.it fiquei com vontade de ler mais Clássicos desta colecção que, na minha opinião, tem capas muito lindas e o preço é muito apetitoso.

Assim, quando chegou a Feira do Livro do Porto e vi que havia um stand da Book.it nos Aliados aproveitei logo para comprar "O Monte dos Vendavais" de Emily Brontë já que tinha ouvido rasgados elogios a este livro.

Tendo em conta que o tema para o desafio de Agosto era: "Livro com acção anterior ao século XX ou anterior ao ano 2000" decidi escolher este livro para ser a minha primeira leitura de Agosto. Aproveitando que estabeleci como novo desafio a partir de Agosto com a Estefânia do blogue Uma Biblioteca Aberta ler pelo menos 1 livro que tenha sido comprado na feira do livro (feira do livro de qualquer ano....já que eu pelo menos ainda tenho livros da Feira do Livro do Porto de 2010 por ler...), ao ler "O Monte dos Vendavais" cumpria logo os 2 desafios de Agosto por isso a escolha recaiu sobre este livro!

Iniciei a leitura deste livro de Emily Brontë com grandes expectativas pelo facto de ter lido a obra da sua irmã Charlotte Brontë e ter adorado. Assim, foi com grande curiosidade que quis perceber se Emily escrevia tão bem quanto Charlotte.

Assim embrenhei-me na história da família Earnshaw e, aos poucos, fui conhecendo as personagens deste livro, as suas relações, os seus ódios e amores.

Quando Mr. Earnshaw regressa de Londres e traz consigo um menino que adoptara - Heathcliff - os filhos biológicos de Mr. Earnshaw (Catherine e Hindley) vão reagir mal a este novo irmão.

Contudo, o tempo vai passando e Catherine e Heathcliff tornam-se amigos e apaixonam-se.

No entanto, Hindley continua a sentir uma profunda mágoa pelo seu pai dedicar tanto afecto ao filho adoptivo e ostraciza o seu irmão Heathcliff.

Quando Mr. Earnshaw morre é o seu filho Hindley que assume o papel de chefe de família, enquanto que a sua irmã Catherine, ambicionando ascender socialmente acaba por casar com o jovem Edgar Linton.

Sentindo-se rejeitado, Heathcliff foge do Monte dos Vendavais e durante anos ninguém sabe do paradeiro dele...até que passados anos ele regressa, rico e cheio de sede de vingança.

O facto de existir Mr. Earnshaw (pai) e Mr. Earnshaw (Hindley - filho) confundiu-me um pouco no início da leitura até conseguir detectar quem era o narrador desta história e começar a conhecer as personagens.

Os casamentos entre famílias, a adopção do apelido do marido e depois os casamentos dos filhos descendentes da família inicial também me confundiu um bocadito mas superado esse obstáculo fiz a leitura com relativa facilidade.

Neste "O Monte dos Vendavais" posso dizer que, na minha opinião, encontrei dois sentimentos: um amor juvenil e puro entre a adolescente Catherine e Heathcliff que, na idade adulta e, após o regresso inesperado de Heathcliff, se manifestou como uma obsessão severa e, principalmente, uma necessidade de vingança profunda.

Sendo Catherine agora casada com Edgar Linton, Heathcliff apenas veio desestabilizar o equilíbrio que o casal tinha alcançado, embora considere que o sentimento de Edgar pela esposa era muito mais real e profundo, que o sentido por parte de Catherine em relação ao marido.

Com este regresso vamos conhecer uma Catherine alterada e entrar numa leitura acelerada, profunda e por vezes violenta.

A história em si, as personagens, os acontecimentos e a escrita levam-me a compreender porque é que inicialmente a crítica não foi muito efusiva em relação a esta obra, consedirando-o estranho, confuso, improvável, ambíguo, excessivamente apaixonado e violento.

Embora eu considera que, efectivamente, se trata de uma obra com uma história dura e por vezes violenta, não deixa de ser um clássico da literatura universal, que pela força das palavras, pela raiva das personagens, pela descrição dos cenários e dos sentimentos, nos leva a perspectivar de uma forma clara como um amor inocente se pode tornar numa possessão, numa obsessão e numa sede de vingança.

Não se tratando de uma história de amor banal, daquelas que lemos em tantos outros livros, é uma leitura que aconselho: forte, intensa e que não deixa o leitor indiferente.

Empatizei com algumas personagens, entristeci-me com certas situações, enchi-me de resolta durante algumas passagens pelos actos frios de Heathcliff e como tal tenho de reconhecer a capacidade que Emily Brontë tem por conseguir despertar sentimentos e reacções em nós leitores.

Agora comparando as obras das irmãs Brontë: a obra de Emily Brontë é directa, dura, capaz de gerar sentimentos. Não nos leva para uma história de amor delicada. Por sua vez, a sua irmã Charlotte em "Jane Eyre" leva-nos por uma história contada em discurso directo pela própria protagonista, de forma fluída, calma e serena. Também ela nos desperta sentimentos, mas estes sentimentos são de compaixão, simpatia, empatia. É uma escrita mais doce aquela que acompanha uma história de amor onde torcemos pela felicidade dos personagens.

Dizer qual das obras gostei mais é uma apreciação deveras subjectiva. Um leitor que preferir uma obra sem romantizações, directa e crua apreciará com mais efusividade "O Monte dos Vendavais", enquanto que um leitor mais sereno e romântico ficará deliciado com "Jane Eyre".

A mim "Jane Eyre" tocou-me mais no coração: a história contada em discurso directo, a fluidez dos acontecimentos, o nascimento de um sentimento conquistaram-me aquando dessa leitura.

Mas isso não significa que não gostei d' "O Monte dos Vendavais"! Pelo contrário! Gostei imenso e fiquei impressionada quando ao ler o livro dava por mim a ficar irritada ao ler certas passagens. Esta capacidade da autora em despertar sentimentos nos seus leitores é absolutamente extraordinária!

CLASSIFICAÇÃO: 6. Excelente!